sexta-feira, 28 de março de 2008

Documentário 239

Tenho orgulho nos meus amigos. E um grande orgulho em ter ajudado (por pouco que tivesse sido) o Nuno Matos e o Pedro Verde neste pequeno documentário filmado na nossa região. Acho que está excelente. É só seguir o link, que irão gostar.

http://toentertainyou.blogspot.com/2007/11/documentrio-239.html

quinta-feira, 27 de março de 2008

Ainda as Histórias do Bunhal


A pedido do gambito de rei:

ISBN: 972-9151-31-8

Foram feitos apenas 500 exemplares editados pela Câmara Municipal de Torres Novas. Vou investigar se ainda há exemplares, como os adquirir, e depois digo qualquer coisa.
Fico feliz por ter suscitado este interesse, magânimo gambito de rei.

domingo, 23 de março de 2008

Leituras: Histórias azuis e verdes do Bunhal

Uma das razões porque me decidi a escrever este blogue foi para me obrigar a manter alguma ginástica de mão. As recentes malvadezas de uma sinistra pessoa não me deixam com tempo de escrever como eu gostaria e sinto-me a perder a destreza. Assim, nada como me obrigar a escrever. Ora um dos possíveis objecto de escrita é a literatura. Gosto de conversar com amigos sobre o que lemos. E como as mesmas sinistras malvadesas também não me deixam tempo para falar com os amigos como gostaria (e mereceria na minha condição social de ser humano que essas sinistras pessoas não nos reconhecem), aproveito para me dirigir assim a todos vós, meus distantes amigos.
Pude ler, por empréstimo de uma colega, um interessante livro. Chama-se “Histórias Azuis e Verdes do Bunhal". O seu autor é Fernando Faria Pereira e este livro foi editado pela Câmara Municipal de Torres Novas. Bem sei que habitualmente estes livros lançam uma certa desconfiança: são obras editadas pelas autarquias, histórias provincianas de autores provincianos, com uma linguagem excessivamente elaborada e, geralmente, a dar para o lamecha. Não conheço o autor deste livro, não sei pois se ele é provinciano (mas, parece-me, não se importaria que lhe chamassem provinciano, sem a carga pejorativa que o epíteto tem, embora, como pude ler na nota do editor, tenha nascido em Lisboa)), e quanto ao livro, foi um imenso prazer lê-lo, não se confirmando os possíveis temores enraizados nalguma intelectualite elitista a respeito das obras que não são editados pelos canais oficiais (lembro Torga que insistiu em fazer sempre edição de autor e em papel barato, esse também seria provinciano?). Das ameaçadas “histórias” apenas algumas o são verdadeiramente, se tomarmos de “história” uma definição fechada. Isto é, são mais quadros que o autor pinta com amor e admiração do campo, do rio, das pessoas que ainda são verdadeiras e das que com eles convivem. Um quadro/história por mês (porque também há verdadeiras histórias, com divertidos enredos/enleios, sorrio agora ao lembrar a última delas “sessenta e três”). Quadros bem pintados, equilibrados, graciosos (ao ler lembrei-me, por vezes, do Aquilino, Fernando Faria Pereira por certo o leu). Quadros para fruirmos ao sabor lento da passagem das estações e das águas do rio. Tal o prazer que uma vez que atingi tão rapidamente o meio do livro me obriguei à leitura de apenas uma história por dia, para o prolongar. Claro que não é uma obra-prima, nem o autor o quis. Claro que não é um destes livros urbano-depressivos tão na moda, negros como tudo, daqueles que se passam trezentas ou mais páginas sempre a sofrer, em que o autor não quer, ou não sabe, dizer uma piadinha. Não, Fernando Faria Pereira não é um desses atormentados que partilham os seus tormentos com os leitores, é apenas uma pessoa que partilha os seus gostos simples com os que o lêem. Não conheço Torres Novas a não ser de passagem, mas conheço algo da região (fiz os meus tempos de tropa – trabalho que odiei e para o qual não tinha jeitinho nenhum – ali por perto) e percebe-se perfeitamente porque editou a Câmara esta obra que tão bem canta as suas virtudes. Eu, por mim, fiquei com vontade de ir, quanto antes, ao Bunhal. E de ler mais de Fernando Faria Pereira (que não sei se mais tem escrito). Se alguém tiver essa hipótese (francamente não sei como pode ser adquirido), não deixe de ler este livro.

quinta-feira, 20 de março de 2008

contas democráticas

Ouvi ontem na rádio, quando fazia a minha viagem diária de regresso do trabalho, dados sobre as contas (contas de dinheiro, entenda-se) das últimas presidenciais. Fiz buscas na Internet para ver se as encontrava, mas nada. Pedia aos leitores deste blogue que me corrijam se estiver enganado, ou que indiquem links onde possamos ver essas contas. Por isso, vou apenas fazer uma curta observação e um convite à reflexão com base no que ouvi. E o que ouvi foi que o candidato que tinha conseguido mais apoios dos grandes empresários do país tinha sido Cavaco Silva. Alguém estranha? Não quero mentir, mas a memória que tenho de ouvido é que teria recebido doações de empresário que seriam, em média, de €6 000. Que aquele que tinha muito menos doações era Manuel Alegre (natural). E que Mário Soares também não tinha conseguido o apoio dos empresários, excepção feita a Jardim Gonçalves.
Ora os dados eram esperados, mas não devemos deixar de nos perguntar: que raio de democracia é esta? Para sintetizar com a sua etimologia, Democracia é poder do povo. Mas é a nossa democracia verdadeiro poder do povo, quando o povo não vota e quando a máquina de propaganda é alimentada pelos homens do dinheiro? (lembremo-nos do poder que a propaganda tem, e, por exemplo, dos especialistas que atribuem a ascensão de Hitler ao seu uso da rádio e dos outros meios de propaganda). Não tenhamos ilusões: os nossos políticos andam a soldo do poder económico, fazem-lhes as vontades. Não estão no poleiro para o bem comum, são apenas o braço político das classes mais ricas (como a comunicação social funciona como o seu braço propagandístico, e talvez seja por isso tão difícil encontrar na net as contas que teoricamente são públicas e transparentes). A lei determinará se são ou não corruptos, mas moralmente são corruptos quando não lutam pelo bem comum; e são hipócritas quando fingem lutar por esse bem comum. Ou será que os grandes empresários avançam com generosas contribuições para as campanhas eleitorais imbuídos do melhor espírito filantrópico?
Sendo assim, fica a tal questão sobre a Democracia e o poder do povo... ou será que o poder do povo se consegue não quando o rebanho vota, mas quando o rebanho se revolta?

segunda-feira, 17 de março de 2008

Não é um recuo!

Acabei de ouvir na rádio que afinal parece que não se vão proibir os piercings na língua e outras partes do corpo. A ser verdade, trata-se de um recuo (mas o deputado do PS diz que não é recuo nenhum). Ainda bem. Mas atenção que estas ideias andam por aí e podem voltar... (temo que voltarão, é apenas um passo atrás para a seguir dar dois em frente na direcção do futuro brilhante que espera este pasto à beira-mar plantado). Não será este recuo apenas um adiamento devido ao período pré-eleitoral em que já estamos? Estejamos atentos.

domingo, 16 de março de 2008

cães, piercings, galos caseiros e ovos da galinha da amiga

Teria preferido que este não fosse o tema do 1º texto do telhado do gato Esteves. Tinha mesmo prometido a mim próprio que me tentaria afastar do próximo e do político. Mas não o consegui fazer ao ouvir as notícias e os novos projectos de lei: mais duas proibições em favor do Estado seguro e da salvaguarda do dinheiro dos contribuintes (entre os quais me incluo). Uma dessa proibições tem como finalidade erradicar do nosso país uma raça canina, outra terminar com os piercings em algumas partes do corpo. Confesso que, de um modo geral, desconfio dos cães em causa, mas dou-lhes o benefício da dúvida. Quanto aos piercings, é algo que também não uso; nem eu, nem os que são mais próximos. Gozo, portanto, do capital de não ser directamente atacado por estas medidas (o que até tem sido raro nos últimos tempos), e até teoricamente beneficiado, pois correrei menos riscos de ser mordido ou de o meu dinheiro retido em impostos não ser gasto a curar esses inconsequentes que põem piercings na língua ou outras partes do corpo (será que o José Luís Peixoto fica fora-da-lei?).
É que estas duas leis (ou ante-projectos, ou lá a linguagem técnica que é usada) me desagradam sobremaneira. São mais do mesmo, exercícios de arrogância reformista do quero, posso e mando porque tenho razão e é uma razão racional, científica (ao que parece, a racionalidade está na poupança economicista das despesas hospitalares). Quanto à perseguição da espécie canina, estamos num primeiro exercício de prática eugenista (é divertido pensarmos que outras práticas eugenistas passarão pela cabeça do nosso primeiro) logo, que encerra os seus perigos. Existe uma percentagem grande destes cães que provocam problemas. É verdade. Então que se tome medidas para os evitar, que se responsabilize realmente os seus donos, pois não se pode atacar a totalidade pela parte, mesmo que essa parte seja a maioria. Mas mais grave é a questão dos piercings. Na verdade é um atentado à liberdade pessoal, que pode ser o início de uma cruzada gravíssima. Uma atitude à Big Brother. Que virá a seguir? Os mesmos argumentos que servem para proibir os piercings servem para proibir os obesos de comer doces ou gorduras, o pessoal que gosta de copos de os beber, ou quem sofre da coluna de fazer amor em determinadas posições. Serão essas as próximas medidas da maioria, aplaudidas por todos estes modernos reformistas?
Confesso que já não me sinto bem quando vou a uma tasca local (de que não posso dizer o nome por razões óbvias) comer um galo caseiro de cabidela, que a senhora mata ali mesmo sem ir ao matadouro. Olho para o lado antes de dar a primeira garfada, não vá aparecer alguém da ASAE. Da mesma maneira, quando compro os ovos caseiros a uma colega certifico-me que ninguém está a ver: será, porventura, algo semelhante ao comprar furtivo de um charrinho. E são poucos aqueles com que não tenho medo de partilhar os bolos feitos com os ditos ovos, que a figura do bufo voltou e está para ficar, basta ver a nova legislação da função pública. Para onde vamos? Se calhar para a criação eugenista de um imenso rebanho de ovelhas dominadas por esses seres superiores que nos governam (e não será esse, afinal, o objectivo de toda a reforma da nossa educação: o ter cuidado para não formar cidadãos mas sim ovelhas).