Confesso que fiquei deveras preocupado com o último post do Fernando Évora. Uma triste lamentação que não augura nada de bom, antes uma depressãozita que deriva num desnorte inexplicável em tão racional ser. Obrigavam-me os deveres da longa amizade que temos a retorná-lo ao caminho certo. A abrir-lhe os olhos, tirá-lo daquela turvez de pensamento. Não o pretendia fazer aqui, publicamente. Esperei por ele durante toda a semana no snack-bar da Julinha, ali debaixo daquele que um dia foi o telhado do gato Esteves. Em vão. Pelos vistos esta angústia existencial que perpassa a sociedade portuguesa e na qual ele se deixou embalar levou-o para longe deste antro. Foi pena. Vejo-me, pois, sem outra alternativa do que lhe chamar à razão nesta “blogosfera”, local mais frio, além de que público, do que como esperaria: naquela mesa lá do fundo defronte duma cervejinha, ou do gin tónico que ele tanto aprecia. Ainda pensei fazer um simples comentário. Mas tive medo de passar demasiado despercebido e optei por esta via mais espampanante.
A razão da minha apreensão é simples: o rapaz ainda acredita na democracia! Ainda acredita que este sistema pode trazer a solução ao mundo que se vai degradando em desfavor dos pobres e dos remediados, alimentando a avidez (até o Sócrates se descuidou e falou de “ganância”, ele que até dessa forma pareceu um menino de coro cheio de boas intenções para com os pobrezinhos) dos grandes. Até o Marx, que não era propriamente um suprasumo (super-sumo como diria o Luís Filipe Vieira) da inteligência, tinha previsto isto há um porradão de anos. É apenas a avidez do grande capital a chupar o tutano da malta (o Zeca diria, naquela bela canção que juntos cantámos numa fogueira da Fuzeta, os vampiros a chupar o sangue da manada). E o Fernando Évora, desiludido por não encontrar um partidozeco defensor daquela linha meia-tinta que deixa o capitalismo avançar mas que dá o remedeio suficiente para pão e circo aos pobres, declara assim publicamente: eu até votei nestes gajos que estão no poder (ou seja: na pior direita que governa o país desde o 25 de Abril), mas fui enganado pela ideologia, promessas e tal, e agora vou votar (ou voltar a votar) na esquerda tradicionalista. Óh rapaz, isto está mais que visto. Não é só o sistema capitalista (é melhor chamar-lhe mesmo liberal) que está a dar o berro numa crise financeira. Essa crise é uma repetição da outra de 29. É a própria democracia, que criou as condições para o triunfo dessa minoria que ganha com o liberalismo, que falhou. Isto não é o poder do povo. Os partidos não têm ideologia. São apenas o veículo para o grande capital controlar o poder político. E para isto já não há solução. A única solução é mesmo a Revolução Mundial, com muito sangue a jorrar. Lamento dizê-lo, pois isso fere a minha anterior existência e desejo de viver num mundo hippie, à volta duma fogueira (que bom seria que a fogueira da Fuzeta fosse a fogueira eterna) com guitarras, flores no cabelo e uns cigarrinhos de erva a rodar. Mas chegámos a um ponto de não retorno. É que com a queda do muro de Berlim estes capitalistas perderam todo o pudor. Mas estão condenados ao fracasso, pois a sua avidez leva-os a tudo perder. Nós, e os nossos filhos e os que atrás de nós e deles vierem) apenas vamos arrastados nessa fantástica asneira que desafia qualquer racionalismo de qualquer ciência social..
E tenho dito, pá. Aparece aqui pelo snack-bar da Julinha que eu te explico melhor se for preciso (não será, que tu és um rapazola inteligente e bem intencionado; mas aparece só pelo prazer da companhia de um copo, que sei que aprecias tanto como eu).
A razão da minha apreensão é simples: o rapaz ainda acredita na democracia! Ainda acredita que este sistema pode trazer a solução ao mundo que se vai degradando em desfavor dos pobres e dos remediados, alimentando a avidez (até o Sócrates se descuidou e falou de “ganância”, ele que até dessa forma pareceu um menino de coro cheio de boas intenções para com os pobrezinhos) dos grandes. Até o Marx, que não era propriamente um suprasumo (super-sumo como diria o Luís Filipe Vieira) da inteligência, tinha previsto isto há um porradão de anos. É apenas a avidez do grande capital a chupar o tutano da malta (o Zeca diria, naquela bela canção que juntos cantámos numa fogueira da Fuzeta, os vampiros a chupar o sangue da manada). E o Fernando Évora, desiludido por não encontrar um partidozeco defensor daquela linha meia-tinta que deixa o capitalismo avançar mas que dá o remedeio suficiente para pão e circo aos pobres, declara assim publicamente: eu até votei nestes gajos que estão no poder (ou seja: na pior direita que governa o país desde o 25 de Abril), mas fui enganado pela ideologia, promessas e tal, e agora vou votar (ou voltar a votar) na esquerda tradicionalista. Óh rapaz, isto está mais que visto. Não é só o sistema capitalista (é melhor chamar-lhe mesmo liberal) que está a dar o berro numa crise financeira. Essa crise é uma repetição da outra de 29. É a própria democracia, que criou as condições para o triunfo dessa minoria que ganha com o liberalismo, que falhou. Isto não é o poder do povo. Os partidos não têm ideologia. São apenas o veículo para o grande capital controlar o poder político. E para isto já não há solução. A única solução é mesmo a Revolução Mundial, com muito sangue a jorrar. Lamento dizê-lo, pois isso fere a minha anterior existência e desejo de viver num mundo hippie, à volta duma fogueira (que bom seria que a fogueira da Fuzeta fosse a fogueira eterna) com guitarras, flores no cabelo e uns cigarrinhos de erva a rodar. Mas chegámos a um ponto de não retorno. É que com a queda do muro de Berlim estes capitalistas perderam todo o pudor. Mas estão condenados ao fracasso, pois a sua avidez leva-os a tudo perder. Nós, e os nossos filhos e os que atrás de nós e deles vierem) apenas vamos arrastados nessa fantástica asneira que desafia qualquer racionalismo de qualquer ciência social..
E tenho dito, pá. Aparece aqui pelo snack-bar da Julinha que eu te explico melhor se for preciso (não será, que tu és um rapazola inteligente e bem intencionado; mas aparece só pelo prazer da companhia de um copo, que sei que aprecias tanto como eu).