sábado, 28 de fevereiro de 2009

Dia de antestreia

Permitam-me que hoje, dia 28 de Fevereiro, data da antestreia da primeira longa-metragem do meu amigo Numo Matos, evoque aqui o seu "documentário 239", curta premiada e na qual eu me orgulhe de ter dado uma pequenina colaboração (também na anteestreia de hoje "longe de mim" me orgulho de fazer um pequeno papel de dois minutinhos - espero que não estrague o filme)


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Haja decência!

Esta história do blogue do "Gato Esteves" já mandava a dár volta ao juizo! O professor Évora e o Patinha escreviam para aqui umas coisas com que eu não tinha nada a ver e depos era o "snack-bar do Rochinha" que fica por baixo do telhado que um dia foi do Gato Esteves". Ora eu sei que o professor Évora escreveu um livro a falar nesse gato, e eu até o li que só estudei até ao 8º ano mas ainda percebo alguma coisa da escrita. Não sei se álguma vês ouve aqui um gato esteves, acho que isso é inventádo pelo professor que ele está sempre com brincadeiras párvas do faz de conta, mas até parecia que o que aqui escreviam esses dois era o que agente pensava. E nós não temos náda haver com política, era essa a primeira coisa que eu queria dizer. O meu rochinha até dormia mál nas noites em que eles os dois, mas subretodo o Patinha se punham a falár mal do primneiro menistro e da poilicia, e dizia-me, ai julinha minha galinha de fricassé (que é assim que ele gosta de me chamár) inda um dia entram por ai dentro a xatear-me com essas coisas da politica que agente não tem nada a ver. Mas eu acalmá-va-o e dizia que eles eram boas pessoas e nóssos amigos, dos melhores clientes (o Patinha então deicha cá metade do órdenado) e que agora com a democracia se póde escrever àvontade.
Só que ontem isto passou os limites ao porem aqui a passarinha de uma mulher toda escarrapaxada. Foi a gota de água! O nosso snack-bár nada tem a vêr com estas poucas vergonhas! Fui-me ao professor, que é dos dois o únioco com quem se póde falar, mas ele veio-me com a história da liberdáde de expressão, e então disse-me: o que agente pode fazer é deixar todos os do snack-bar escreverem no blogue. E eu disse tá bem, eu sou a primeira. E ele ensinou-me que eu tamém não sou nenhuma analfabeta, tenho o 8º ano como já disse, até fui da turma do professor na escola e não era burra. O meu rochinha anda com mêdo de escrever aqui que diz que isto dos blogues é do pessoal do contra, é só para dizer mal e mentiras, mas eu disse-lhe vamos lá ver como é que é, e pode ser que ele um dia também escreva. Até o meu Fábio quis aqui escrever, mas eu tive mêdo que ele ainda é um bocado criança e pode ser que o raptem nesta coisa da internet.
Por isso aqui estou eu para dizer: aqui no café somos contra andarem por ai a mustrarem as coisas das mulheres todas escarrapaxadas! ponto final!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

?cracia?

"Pornocracia" e o título do livro de Catherine Breillat em cuja capa da versão portuguesa figura uma imagem do quadro de Courbet intitulado "Origem do mundo". O livro foi apreendido pela PSP de Braga na "Feira do livro em saldo". Ao que parece, porque a capa era "pornográfica". Abriu-se mais uma porta para a censura; assisimos impávidos e serenos a cenas que lembram outros tempos: depois dos bufos, depois das pressões sobre a comunicação social, eis que chega a apreensão de livros. Vamos num caminho conhecido. Pode ser que nada disto tenha a ver directamente com o governo; claro que não tem; mas Sócrates vai deixando tudo correr, que lhe corre de feição.
Ainda há pouco tempo, nas minhas aulas de História da Arte ao Curso Profissional de Comunicação da Escola Profssional de Odemira, mostrei este quadro ao falar de Courbet e do realismo (lembro que esta é uma obra da segunda metade do século XIX). Será que posso ser condenado por incitamento à pornografia ou algo do género?

Uma sentença histórica...

"Uma sentença histórica", foi assim que José Sá Fernandes qualificou a pena aplicada a Domingos Névoa no caso "Bragaparques". Este empresário tentou subornar o vereador com duzentos mil euros. A pena aplicada é de cinco mil... José Sá Fernandes diz que é histórica porque ficámos a saber que se suborna e como é que se suborna. É verdade que a pena não é muito grande, mas será uma espécie de vitória moral...
Óh sr. José, nós cá em baixo já sabíamos que se subornava (no poder local o caso é mato, todos o dirão) e também como se suborna (com dinheiro, e quando o caso mete muito, também com offshores). Cá para mim, isto pareceu-me a mais um episódio da nossa justiça: só cinco mil euros porque o sr. Domingos Névoa foi um homem muito trabalhador, inclusive imigrante, e porque era para um acto lícito, ou seja, o sr. José não necessitava de cometer uma ilegalidade para se abotoar com os duzentos mil, bastaria apenas ir contra a sua consciência de cidadão.
E eu cá transponho para mim: se um dia um encarregado de educação me oferecer um presunto para lhe passar o filho e eu for apanhado, apenas terei que pagar... uma sande mal servida e sem manteiga! E também não cometerei nenhum acto ilícito, muito pelo contrário, até me fica bem na avaliação. A consciência - essa coisa esquisita - não tem importância nenhuma, diz a jurisprudência.
Se é assim que a justiça trata a corrupção, vou ali já volto.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Os recentes acontecimentos carnavaleiros de Torrres Vedras revelaram o caminho deste país. Uma subserviente do sistema que chegou a delegada do MP manda retirar umas imagens de raparigas de mamas ao léu que estavam coladas num Magalhães, que por sua vez estava... num carro alegórico de carnaval. As maminhas das moças seriam, ao que parece, pornográficas - coisa tão chocante! Chocante não certamente por ser Carnaval, época em que é habitual apreciarem-se pares de mamas para todos os gostos, mas, suponho, por estarem num Magalhães, esse símbolo socrático. O caso é noticiado e, não suportando as críticas da comunicação social, eis que o cão de fila do status quo recua e manda repor as maminhas no seu lugar, que afinal aquilo não era pornografia.
E é assim: os delegados do MP, pagos por nós, contribuintes, a zelarem pela nossa integridade moral e pelo bom nome do migalhães, mesmo que precipitadamente. Talvez este seja o pior do legado de Sócrates, que se vai apoderando do portugalzinho: os boys e girls - ainda que acidentais -, zelosos pela integridade moral da virgem ofendida. Talvez mesmo pior que o encolher de ombros perante a corrupção, a falsa declaração, o truque fácil do chico espertismo da cunha, troca de favores e declarações duvidosas de impostos, que isso é coisa que só não faz quem não pode.
(talvez esta seja uma boa hipótese para a delegada do MP vir a ter os seus quinze minutinhos de fama à semelhança da chefe Cândida)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Aleixo faz hoje anos

Hoje faz anos António Aleixo. Nasceu em Vila Real de Santo António a 18 de Fevereiro de 1899, há exactamente 110 anos.
António Aleixo marcará para sempre o meu imaginário. Professores que tive, relatos que ouvi de quem o conheceu, fazem com que seja alguém familiar na minha vida. É uma sensação de dejá vu: sinto que com ele convivi, que o vi a vender cautelas no Aliança, sinto-lhe o cheiro a miséria e tuberculose; conheço-lhe quadras de cor, dou por mim a pensar nelas quando me deparo no quotidiano da vida com as mais banais das situações.
Já percebi que António Aleixo não é persona querida para muitos. Na sua maioria, os meus colegas de português não o apreciam, quiçá demasiado presos ao academismo da literatura erudita. Noto que passa mais um aniversário em que Aleixo é esquecido pela comunicação social culta. Vai sendo cada vez mais normal. Há mais de um ano pretendi comprar, para oferecer, a obra de António Aleixo. Descobri como é difícil adquirir neste momento os seus livros – apenas descobri o clássico “Este livro que vos deixo” da casa das letras e não consegui encontrar o “Inéditos” (o meu preferido). É pena, pois acho que a morte de Aleixo faz parte da morte do país que amo (amei?).
Para lhe provar a sabedoria, deixo-vos umas quadras, e depois digam-me se não são tão actuais:

(ao BPN:)
A ninguém faltava o pão
Se este dever se cumprisse
Ganharmos em relação
Com o que se produzisse

(À minha ministra:)
Há tanto burro a mandar
em homens de inteligência
que, às vezes, chego a pensar
Que a burrice é uma Ciência!

(Sem comentários, que regressamos a período pré-eleitoral:)
Tu, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes, esqueceste
tudo quanto prometias...

(E esta que me lembra – vá-se lá saber porquê, o meu último post “virgem ofendida”)
Riem doutras com desdém
Certas damas bem vestidas;
Quantas, para se vestir bem,
Se despem ás escondidas!

(talvez seja porque:)
Nas quadras que a gente vê,
quase sempre o mais bonito
está guardado pr'a quem lê
o que lá não está escrito.

Grande poeta é Aleixo!
(lembro, ao fechar este post, o tal concuros dos “Grandes portugueses”. Alguém votou em Aleixo? Acaso não terá sido ele ………?)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Virgem ofendida


Vinha hoje do meu trabalho a ouvir o final do debate quinzenal na Assembleia da República. Fiquei particularmente tocado com a forma sentida como José Sócrates estava magoado com os cartazes da JSD do Pinócrates. Ele não o disse, mas percebíamo-lo: aquela era a mesma JSD que tinha, no seu passado, sido honrada com a sua militância.
José Sócrates pôs o seu melhor ar de mater dolorosa. Mas não lhe saiu lá muito convincentemente. Na verdade, parecia-se mais com uma virgem ofendida pelas más-línguas, daquelas línguas que orquestram campanhas negras e que agora querem fazer parecer a todos que a mais cândida das virgens é afinal a mais promíscua, ordinária e porcalhota das meretrizes. Sim, ele, modelo de virtude, homem trabalhador e sério, de cuja boca seria incapaz de sair uma falsidade, uma mentirinha desculpabilizadora sequer, é dele que dizem estar a mentir! E quem diz tamanha barbaridade? Uns miúdos ordinarecos de Setúbal, espécie de arruaceiros, que não são metidos na linha pelos seus chefes; chefes que, suspeita-se, estarão por trás das tais campanhas negras; serão eles as comadres que, incapazes de permanecerem fiéis ao seu voto de castidade, lançam a hedionda suspeita sobre a flor da inocência. E ainda por cima pintam essa cândida virgindade com um nariz de aspecto fálico. Que asquerosos!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Inveja

"Professores franceses atiram sapatos contra Ministério da Educação" correu ontem em notícia. (link para o iol em baixo)Apenas deixo aqui este registo e duas notas: a primeira, claro, é a minha inveja por esta acção (confesso que me imagino, deleitado, a mandar uma botifarra... sabem a quem?); a segunda é que a acção do jornalista iraquiano está a ter repercussões em todo o mundo, algo que, acredito, Muntadar al-Zaidi não esperaria. São coisas da globalização. Mas não é de estranhar, pois a revolta, também ela, é global.
http://diario.iol.pt/internacional/professores-franca-iol-protesto-sapato/1039526-4073.html

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Boa-Hora?


Hoje à noite, na reportagem pós telejornal da SIC, fiquei a saber que o tribunal da Boa-Hora vai fechar e que será proximamente um hotel de charme. Mais um imóvel com o mesmo e invariável destino. Em plena crise do sistema liberal insiste-se no mesmo expediente, o que é apetecível que passe para os privados, quase sempre para hotéis destinados à grande burguesia, essa mesma constituída na sua maioria pelos responsáveis pela dita crise. Que lucros tira o Estado - todos nós -, destas medidas? Por certo muito pouco, apenas um ligeiro atenuar da dívida.
Outros tirarão lucros. Imediatos ou alongo prazo na lógica da troca de favores que vai corrompendo a sociedade portuguesa. Mas será bom que não haja interesses ingleses à mistura.