segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Reparem como me mantive calado durante toda a campanha. Pois é, há muito tempo que desisti de participar nesta simulacro de democracia (entendendo como democracia a sua origem etimológica de "poder do povo"). Não acredito em eleições. Vejam no que dá, cá como no mundo civilizado ocidental. As pessoas não votam em projectos políticos, sequer votam em pessoas entendidas na sua essência. Votam em imagens que têm. O efeito do voto resulta mais da publicidade (sim, publicidade e não propaganda) do que de qualquer outra coisa. Quando vi, cá no snackbar da Julinha (aquele que fica debaixo do telhado que um dia foi do Gato Esteves, já se esquecem de dizer) o "correio da manhã" e a votação em Sócrates como o mais sexy, percebia-se logo quem ganhava as eleições. O único concorrente de Sócrates era o Sócrates versão PPD, o tal Pedro Passos Coelho, que lhe é igual em arrogância e política (porventura poderá privatizar a CGD e fazer outras coisas igual a Sócrates com menos oposição interna). E notem que os que votam porque sabem umas coisinhas de política e afins não fazem melhor: o próprio Évora reconheceu aqui que não votava em projectos, mas sim contra Sócrates. Ou se vota porque se o ama, por uma espécie de clubismo ou fantasia (caso Julinha) ou contra porque se o odeia. Nada disto tem a ver com os princípios de uma democracia (liberal, que palavra feia). E, na verdade, as eleições pouco mais serão do que a escolha dos que terão os seus empregos, os seus destacamentos, como a querida Julinha aqui referiu sem querer.
Querem continuar a viver democraticamente? Podem-se armar em doutores democratas, mas o povo não sabe o que quer. É manobrado, ludibriado, como em qualquer hipermercado. O meu amigo Évora devia sabê-lo desde que estudou a Revolução Francesa.
E pelo dito não resisto a atribuir o prémio frase mais inteligente a Luís Filipe Menezes, que ouvi há minutos, mais de 24 horas passadas sobre os resultados eleitorais. Tratar-se-á, pois, de uma convicção do senhor. A estupidificante frase foi "O povo português é muito sábio". Sem mais.

O dia depois

Acordei cansada! Depois do dia de ontem que foi cantar, esbracejar, abanar a bandeirinha, abraçar os camaradas (vejam como já uso esta palavra) hoje acordei estourada e rouca. Até porque mal consegui dormir copm aquela excitação. Mas não quis deixar de vos escrever aqui, minha amiguinhas.
Aqui no snack-bar, e há medida que se aproxima a ora de almoço, vejo chegar os professores. Veêm muito mal encarados. Até dá pena! Sim, não pensem que não tenho sentimentos! Andam cabisbaixos e deprimidos! É para verem o que é sofrer, que eles lá na escola também fazem sofrer os miúdos com regras para aqui e regras para ali e trabalhos de casa (espero que acabem nesta legislatura) e o diabo a quatro!
Mas queria-vos dizer uma coisa muito importante e que sei vos deixará felizes: nesta campanha conheci muita gente importante. Gente que ontem festejou porque também estava preocupada com a própria pele. É que se ganhasse o partido da outra senhora sabe-se lá o que lhes aconteceria aos empregos. O mais certo era terem de voltar para os antigos. E isto depois de 4 anos de esforços e trabalheira, quantas vezes com o sacrifício da família. Por isso ontem sentiram-se aliviados e gritaram de alegria. Até houve um senhor que me perguntou pelas minhas habilitações. É que, disse-me ele, já tinha visto que eu percebia muito de educação. Então não é que eles ponderavam requisitar-me para trabalhar na Direcção Regional! Assim, talvez vá ainda tirar um curso, agora que graças às Novas Oportunidades já tenho o 12º ano. Talvez psicologia, que o meu Fábio André já teve apoios de uma psicóloga e acho que aquilo era muito giro. talvez me acente bem. O que acham?
E ainda dizem que o Sócrates nada fez pelo país!

sábado, 26 de setembro de 2009

A medida que ficou por tomar

Apenas, na minha opinião, ficou uma medida por tomar pelo meu Sócrates. Foi esta questão do voto. Não tem nada que nos obrigar a ir a uma mesa de voto. É um gasto de tempo e dinheiro para o país mais moderno do mundo. Por isso, porque não o voto por mensagem de telemóvel? Até se podia fazer chamada com valor acrescentado para ajudar a combater o défice!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

São só emoções

Ontem perdi o amor ao dinheiro e deixei o meu Rochinha sozinho no snack-bar. Apanhei o comboio, que um dia será TGV, e fui que nem uma seta para o Porto. Ainda no comboio encontrei outras mulheres que, tal como eu, são do Sócrates. Fomos todas vestidas com tshirts que nos tinham dado, muito perfumadas, armadas de bandeirinhas e faixas para uma arruada. Ai que coisa gira é uma arruada! Todos a gritarmos as palavras de ordem, a dar vivas, a abraçar-nos. E depois o meu Sócrates lá no meio daquilo tudo, sempre muito bem posto, sempre a sorrir, sempre com as palavras certas na boca. Ai que fala tão bem o nosso Sócrates!
Já tinha ido a jogos de futebol em que também cantávamos e dizíamos palavras de ordem; também já tinha ido a concertos do Tony Carreira, em que cantávamos e até chorávamos. mas isto é muito melhor. E é melhor porque o nosso heróis está ali, perto de nós, e nós vamos juntos caminhando para a vitória! E então no Prto que podemos falar à vontade e dizer aqulas palavras todos que nos sobrem das entranhas à boca! E ainda falam em falta de liberdade e asfixia democrática! Eu quero lá saber de esquerda ou direita como o professor escreveu aqui antes. As eleições são lá isso! As eleições serão mais uma grande vitória do homem mais sexy de Portugal, isso sim!!! Os professores que se deprimam e ensinem outra coisa agente!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um voto de professor

1- Declaração de interesses/posição política
Desde que ultrapassei essa barreira dos 18 anos que fez de mim cidadão - há 26 anos, portanto - que fui eleitor de esquerda. Quase sempre exerci o meu voto (embora tantas vezes me tenha perguntado se o deveria fazer) e sempre fui um eleitor de "esquerda". Votei no PS, no PCP (e nas suas coligações), na UDP, no PSR e no BE. E também já votei em branco. Sou de esquerda por convicção. Tenho ideais de esquerda não só no que respeita ao papel social do Estado na defesa dos mais desprotegidos, como também na necessidade do Estado controlar sectores da economia e refrear o ímpeto ganancioso do capital. Também me sinto herdeiro de uma esquerda libertária que se funda no respeito pela liberdade e opções de cada um.

2- Nas últimas eleições
Nas últimas eleições votei no Partido Socialista. Estava convencido que esse partido poderia derrotar aquela incompetência atroz do governo Santana/Portas, assim como estava convencido que votava num partido de esquerda. É claro que me enganei duplamente: ao longo destes anos a suposta "competência" apenas existiu numa mascarada (ou, hipoteticamente, no trabalho para a estatística) estranhamente patrocinada por muitos órgãos de comunicação social e muitos pseudo "analistas" que apenas lucram com a situação. Esse neo-"situacionismo" é, aliás, um triste regresso conseguido pelo Partido do poder que deixou a corrupção impune e transformou em algo de natural a ascensão de boys e amiguinhos. Em segundo lugar a política PS foi claramente - no que à economia diz respeito - uma defensora dos interesses capitalistas. Foi uma política claramente de direita ao longo dos 4 anos. Apenas com as eleições à vista o senhor engenheiro se veio arvorar em esquerdista do pensamento, em defensor do casamento homossexuual (que há um ano atrás não era "agenda", casar só quando a agenda PS o permitisse) ou das uniões de facto. Tudo muito artificial e apenas ao cheiro dos votos (eventualmente como o meu) que dele tinham sido e agora se passavam para o bloco.

3- Como professor
É difícil sintetizar tudo o que sofreu a classe docente nestes anos. Talvez o pior tenha sido o desprezo e ódio da ministra (mais que a perda de direitos), numa primeira fase apaparicada pelos tais órgãos de comunicação social e experts situacionistas. Tentou (e conseguiu-o transitoriamente) humilhar-nos publicamente, que nos olhassem como bode expiatório e uma cambada de malandros. Também as estruturas intermédias, dominadas pelas comissões políticas dos PS, sempre prontas a dificultar-nos a vida (quem se lembra das frases e comportamentos da Directora Regional do Norte) exerceram o tentáculo do polvo num seguidismo cego aos ditames Milú/Sócrates. Não, não foram apenas erros de casting ou políticos fracos; foi a estrutura de um partido a aplaudir e a ultrapassar em brio a obra dos grandes dirigentes. Houve medo nas escolas, houve sim senhor. Passámos a ter cuidado com o que dizíamos na sala de professores. Com as opiniões que manifestávamos. Ainda hoje hesito em escrever estas linhas e publicá-las. Tenho medo de represálias.
Houve descrença no ensno, houve ditadura burocrática, aumentou a indisciplina na sala de aula.
Tudo isto foi muito forte para mim, como será muito forte - quase, se não mesmo, traumático - na esmagadora maioria da classe docente. É difícil perdoar ao PS, mesmo que agora Sócrates venha com as falinhas mansas.
Por isso o meu voto nestas eleições é essencialmente anti-Sócrates. Quero acabar com a mediocridade no poder, o favorecimento pessoal, a censura e auto-censura. Quero voltar a reconstruir a escola e quero voltar a ter o amor que tinha à minha profissão. Voto no distrito de Beja, onde apenas PS e CDU podem eleger deputados. Não tenho, pois, dúvidas em votar CDU. Se morasse em Faro ou em Lisboa poderia hesitar entre a CDU e o BE. Desde que o BE me garantisse nunca se aliar a Sócrates. Como se votasse em Viseu ou na Guarda ponderaria, pela primeira vez, votar PSD, sabendo de antemão que esse partido em nada corresponde à minha ideologia. É que em termos de educação não consigo imaginar pior do que fez este governo. Como escreveu António Barreto, podem-se levar décadas a corrigir os erros deste PS em termos de educação (fique Maria de Lurdes Rodrigues tranquila que vai ser recordada). Por isso é bom que começemos rapidamente a trabalhar na reconstrução educativa.
Entendam algum egoísmo do meu voto, mas é que sou professor, e adorava ser professor e dou um grande valor à educação. Por isso o meu voto tem que ser contra o PS.

domingo, 20 de setembro de 2009

Talvez devido cardápio almoçareiro do dia de hoje cá no snack-bar, escutei mais esta que constitui natural acrescento ao post d´outro dia:

"Chuva em Novembro,
Natal em Dezembro;
Sardinha em Junho,
Petinga em Setembro."

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O comício de Faro

Não vos digo, nem vos conto... Ai que emoção aquela do comício do nosso Zezito em Faro! Fiquei de tal maneira com o coraçanito aos saltos que só hoje consigo escrever aqui umas linhas.
Primeiro no autocarro: trataram-nos tão bem! Deram-me uma sandes de leitão e um sumo (não posso dizer a marca, prometi). Pelo caminho fomos cantando e rindo! E depois fomos todos jantar ao mesmo sítio. Éramos todos socialistas, claro está! Encontrei algumas amiguinhas que conheciam este blogue onde escrevo e que me disseram que eu devia era ter um blogue só meu, pois não percebem nada do que escrevem os outros, a não ser o meu querido filho Fábio André. Prometia que ia pensar no assunto, mas o professor Évora e o Patinha pediram-me quase de joelhos para continuar a escrever aqui. Percebo-os: é que senão ninguém aqui vinha lê-los, tá bom de haver. Mas adiante: jantámos todos e todas e íamos para o Largo do Carmo, que era onde era para haver o comício. Mas depois mudaram o sítio, que foi por causa do medo da chuva. Ainda ouvi alguém dizer que era por falta de agente, mas +é mentira que éramos várias camionetas e enchíamos o largo do Carmo de certeza. A razão foi mesmo o medo da chuva. É verdade que não choveu, mas em Faro nunca se sabe e depois o Zezito apanhava a gripe, quem sabe se a A, e como era o resto da campanha?
Depois foi a parte chata: antes do Zezito ytivemos de ouvir aquele gordo que é parecido com o Villaret e é de Lisboa e o presidente do Farense. Mas prontos! Temos que fazer um sacrifício. Depois veio o nosso amado Sócrates. Eu fiquei ali na primeira fila, bem pertinho que até apareci num plano da televisão: era aquela vestida de cor-de-rosa com uma bandeirinha que guardarei até ao fim dos meus dias. Ele falou tão bem! É verdade que não me lembro do que disse, mas aquelas palavras pareciam-me música romântica! No fim ainda quis ir falar com ele, dar-lhe um beijinho. Cá o presidente da Junta tinha-mo prometido: vem connosco que arranjo maneira de falares com ele! E era uma boa cunha, podem crer. Mas então o Sócrates tinha logo de ir embora, acho que para o programa daqueles dos gatos fedorentos que dizem que é para rir, mas eu cá não lhes acho piada nenhuma. Não faz mal. Fica para outra vez, quem sabe se para a semana. E não pode ser de fugida, que eu queria mesmo ter uma conversinha com ele.

domingo, 13 de setembro de 2009

Rodeada pelo perigo

Ai, minhas amigas que ando deveras priocupada. É que andem por aí a dizer que o nosso zezito pode não ganhar as eleições! E que nesse caso fica ele mais a velha, os dois juntinhos. Então não querem lá ver???
E depois aqui pelo pé de mim andam todos contentes neste princípio do ano. Até os professores que eu vi tão carrancudos e sofredores nos últimos anos, chegam para aí a rir e todos felizes. No outro dia um até me disse que se estava a lixar para os papéis que tinha de preencher e que resolveu passar ali no snack-bar mais tempo. Até já falam mal da ministra e do meu Zezito no meio do café e andam sempre a tentar convencer os outros clientes. E é por isso que vos escrevo: na última segunda o meu Rochinha veio aqui para o snack-bar (é o nosso dia de folga) para uma patuscada com uns amigos. Então não vim a descobrir que os amigos eram quase todos os professores e esse comuna do Patinha! Ainda me passou pela cabeça chamar a ASAE ou telefonar para a polícia a dizer que havia aqui uma reunião subversiva e que estavam a tramar o meu Rochinha. Que era o que devia ter feito, pois o homem chegou-me a casa a cheirar a sardinha, com manchas de vinho tinto e melancia e, ainda por cima, com uma conversa muito estranha que "professor e pequeno empresário, ou é de esquerda ou otário" e "trabalhador de restauração ou é comunista ou c...". Vejam lá que os professores anadaram a fazer-lhe a cabeça e ele agora diz que vai votar na esquerda! Ai se eu não tivesse tantos fregueses professores... Mas nesta semana vou já à escola fazer queixas ao Director de dois ou três. Ai vou, vou! É que se ganham outros ainda nos tiram o direito de ir à escola pedir satisfações aos professores! Isto está a ficar perigoso!
Mas nem tudo vai mal. Amanhã, que é minha folga outra vez, vou a um sítio importantíssimo: vou ao comício do nosso Zezito a Faro! A camioneta vem-nos buscar à tarde e até nos oferecem lanche, jantar e bandeirinha! Ai que nervosa que estou por estar na mesma sala que o homem mais sexy de Portugal!

Um Calimero determinado e optimista.

Estou fartíssimo deste Sócrates. Não tenho mais paciência para este homem de plástico. Não percebo como se pode aturar tanta artificialidade, tanta teatralidade, tanta arrogância. Já nem falo do sistema imposto de favorecimento dos poderosos e da máfia que se instalou no país, nesta espécie de roubalheira mal disfaçada. Falo do homem em si. Pondero a hipótese, caso ele volte a ganhar as eleições, de pedir asilo político à Coreia do Norte.
Agora deu numa de Calimero, em que todos o atacam, transformam tudo em questõers pessoais, são todos de uma vilaneza e injustiça extremas para com o pobre desgraçado. Enfim, uma vitimização, uma calimerização de inspiração santanista. Apesar dessa faceta Calimero, vem depois a faceta determinada, heróica. Sócrates não se vê tanto como o Homem do leme, ao invés de Cavaco, mas como o general das suas tropas. Pelo menos anda para aí a dizer que um general disse que não se ganhava uma batalha se se fosse pessimista e, por comparação, diz também que um pessimista não cria emprego. Ele é optimista. E como é optimista cria emprego, como qualquer um viu na última legislatura.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Acrescento etnográfico

Amigo Zé Carlos,

Em relação ao teu interessantíssimo post anterior e ao último provérbio mencionado:

"Sardinha escorreita,
amizade desfeita."

devo acrescentar-te um outro que ainda acentua mais o carácter destas sardinhadas e que é:

"Sardinha vernácula,
amizade sem mácula."

Ao teu dispor

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Momento Etnográfico

Pois bem, para comemorar a saída da crise anunciada pelo nosso rimeiro-ministro, houve cá hoje, no snack-bar da Julinha, um almoço. Melhor dizendo, uma sardinhada à antiga portuguesa. É que era dia de fecho do snack-bar (“fecha às segundas-feiras como os museus”, está sempre a dizer o Patinha) e o Rochinha decidiu convidar os amigos – só homens, daí o à antiga portuguesa – para a assada de arromba. Ora eu, como interessado nas coisas da tradição do nosso povo português, dediquei-me a recolher aqui e ali os provérbios que fui ouvindo e que agora vos dou a conhecer, se bem que alguns usem aquele vernáculo característico da nossa gente (e pelo qual peço as minhas desculpas). Todos típicoss deste momento que é uma assada com sardinha, carapau, vinho, melão e melancia. Enfim, um dos divertimentos mais tradicionais do pessoal, se bem que do desagrado da Julinha que ainda ameaçou telefonar para a ASAE…
Mas comecemos, então. E pelos finais, que nos alertam para o conhecido problema da conjugação do tinto com a melancia.
Assim, escutei o tristemente profético:

“Vinho tinto e melancia
Acaba em peido e em azia”

Provérbio confirmado por um outro com a mesma mensagem (parece-me, pelo menos pela forma como a melancia foi repudiada por outro conviva, se bem que não queira aqui fazer juízos de valor sociais):

“Vinho tinto e melancia,
É pró padre e pró rufia”:


Mas não se pense que este problema é característico do tinto. Não, no caso da melancia parece que também o branco não é melhor:

“Vinho branco e melancia,
Prá casa de banho é correria”


Todavia escutei uma outra versão que parece ser a solução para os apreciadores de melancia e de vinho, se bem que este último ligeirtamente adulterado:

“Melancia e tinto de Verão,
Dão uma descansada digestão”


Que tem uma pequena modificação no seguinte (que confirma os conselhos médicos do ómega 3 – existente na sardinha – e no antioxidante do tinto :

“Sardinha e tinto de Verão
Fazem bem ao coração”



Mas o grande momento foi a discussão entre os que preferem carapau e os que preferem sardinha (que estavam em maior número e pareciam ser melhores conhecedores destas coisas dos ditos do povo):

"Homem que assa sardinha
E come carapau,
Adoece com a morrinha
E perde o pirilau”


Ou ainda o mais determinado:

“quem à sardinha prefere o carapau,
Ou é rufia, ou é mau”.


Se bem que os adeptos do carapau tenham uma resposta que não é mais do que uma variante do primeiro dito da sardinha e carapau (e que, sinceramente, parece ser reacção de perdedor com falta de imaginação):

“Homem que assa carapau
E come a sardinha,
Adormece com pirilau
E acorda com pilinha”!



Deixei para o fim, como não podia deixar de ser, o dito que mais me intrigou. É que ele é duma profundidade extrema ao alcance de poucos. E é dito que demonstra, afinal, a qualidade da sardinha, a superioridade moral destas assadas e a solidariedade que entre elas se estabelece. E são apenas 4 simples, mas belas, palavras que deixo à vossa reflexão:

“Sardinha escorreita,
Amizade desfeita”



Prometo voltar, se for do vosso agrado, com mais momentos etnográficos a este blogue. Para que o passado não se perca.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

SMART FRANCIS POWER

Temo que toda esta conversa Freeport a um mês das eleições vitimize o nosso primeiro e ainda o faça ganhar. Infelizmente temos demasiados exemplos do poder local a confirmar a vitória dos corruptos (ou, devo dizer para ser politicamente correcto, dos candidatos sobre os quais recaiem processos ou suspeitas). Isto está há tanto tempo controlado por estes chicos espertos, por esta corrupção mal disfarçada, que eu volto a fazer a pergunta do meu amigo Patinha: viver nesta roubalheira é pior do que o poder cair na rua? Ou isto tem que cair na rua, porque de outro modo já lá não vai?
Será que ainda não batemos no fundo? Quando será que deixamos de ser governados por estes medíocres? Vamos continuar a votar neles?
E como por estes dias se fala em controlo sobre os media, aqui deixo uma música que não passa nas rádios nacionais. Vá-se lá saber porquê...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

E eu também

Eu também vi e ouvi o Sócrates. Confesso que não liguei nenhuma quando ele falou na delicadeza, neste caso na falta dela, para com os professores. Por isso hoje achei estranho a importância dada ao caso na comunicação social. E como o meu amigo Patinha largou a deixa na mensagem anterior, pois lá terei eu de dizer qualquer coisa a esse propósito.
É óbvio que o ministério não teve para connosco, professores, qualquer delicadeza. pelo contrário, foi malcriado, insultuoso, tratou-nos abaixo de cão. Dirigiu uma campanha desde o primeiro momento em que classificava de incompetente toda a classe profissional. E nesse princípio de campanha (que foi o princípio de legislatura) quase todos os outros partidos estavam calados que nem ratos (apenas me recordo de ouvir uma palavra de apreço da parte de Jerónimo de Sousa, honra lhe seja feita). Era natural esse silêncio, pois então toda a sociedade portuguesa olhava para nós como uns chulos que eram a origem de todas as desgraças em que o país estava mergulhado. A comunicação social massacrava-nos (lembro-me de uma queixa que apresentei na ERC contra a Visão que falseou dados estatísticos para nos apresentar como preguiçosos). Foi a época da frase orgulhosa da Milú "Perdi os professores mas ganhei o país". Essa ideia foi, naturalmente, mudando ao longo dos 4 anos. Não porque o governo tivesse abrandado nesse esforço de denegrir a nossa imagem, mas porque nós trabalhamos directamente com todo o país, e ele compreendeu-nos melhor que a campanha governamental.
Mas não é a atitude de arranjar "bode expiatório" que me preocupa. Tudo isso valeria a pena se a Educação tivesse melhorado. E isso não aconteceu. Pelo contrário, a educação piorou, a vida nas escolas dificilmente se recomporá (infelizmente António Barreto tem razão ao afirmar que serão necessárias décadas para recuperar o ensino depois do mal que esta equipa ministerial fez). Podem apresentar as estatísticas que quiserem, que quem vê as escolas, seja como professor, seja como pai atento, bem sabe: não só se instalou o facilitismo como também se instalou a burocracia desmedida, a desconfiança, a questiúncula pessoal, a indisciplina. O sucesso em educação dificilmente pode ser medido em quantidade. O sucesso da educação de um país é educar cidadãos. E essa medida levará anos a ser verificada. É claro que a formação de cidadãos necessita que estes adquiram toda uma série de conhecimentos, e a verdade é que cada vez adquirem menos e se lhes passou a ideia de que nada é preciso saber. Mesmo que reprovem agora, terão adiante um "nova oportunidade" para lhes dar um qualquer certificado, é ideia do nosso primeiro que passar um certificado é fácil, ideia que colheu da sua própria experiência. Há uns anos atrás ouvi Mário Soares afirmar que a reforma da educação não se fazia com dinheiro, mas sim com inteligência. Mas para este timoneiro do Portugal Moderno a reforma da educação é feito com computadores, quadros interactivos e projectores multimédia. No último ano as escolas foram inudadas com este material numa quantidade imensamente superior às suas necessidades. São os gasto do novo-rico, do provinciano deslumbrado com a beleza do progresso. A qualidade das aprendizagens consegue-se, sobretudo, com empenho dos alunos e motivação dos professores. A alta tecnologia desempenha nessa qualidade apenas uma pequenina parte. Ora fazer como o governo fez, que foi dar às escolas a tecnologia, mas atacar professores e dar a entender aos alunos que estudar não era preciso, deu neste resultado que é toda a gente saber que a educação está pior do que alguma vez esteve, mas o objectivo estatístico ter sido atingido.

Eu também vi o Sócrates na TV

Cara amiga Julinha. Também eu vi o Sócrates na TV. E no seu snack-bar, que não estava assim tão barulhento. Não percebo porque é que foi para casa. Só para o ver sozinha? Ou apenas para não ouvir os nossos comentários?
Mas fique descansada que, tirando o cansaço, o seu Zezito esteve muito bem. O que mais gostei dele foi quando disse que a sua luta contra os juízes tinham sido para defender o interesse geral. Pois é, cara Julinha: consegui-o no pleno. Então ao fim destes quatro anos não temos uma justiça muito melhor, bem mais rápida (que os malandros já não têm três meses de férias), mais eficaz e que prende os verdadeiros marotos deste país! Quanto à questão dos professores e às melhorias da educação, deixo a análise para o prof. Évora. Mas as coisas também aqui melhoraram. Senão veja: a menina já vai ficar com o 12º, não tarda está na Universidade!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Hoje vi o Sócrates na TV

Peço desculpa ás minhas amiguinhas que já estavam com saudades minhas por só a esta hora escrever. É verdade que o prof. Évora decretou férias do blogue e bloqueou isto até ao dia de hoje. É que, como sabem, ele é professor e estes professores estão habituados a grandes férias (vejam como ele anda calado, ainda não escreveu nada). Por isso não pude escrever de manhã (continuava bloqueado) e só a meio da tarde ele disse que já tinha desbloqueado. Mas, a essa hora, eu não conseguia escrever. É que estava com um grande nervosinho porque hoje o nosso zezito ia aparecer na televisão, entrevistado pela Judite. Tive de me chatear com uns gajos que estavam no snack bar a falar alto só porque o Benfica ganhou ontem e não ouviam o nosso Sócrates. Foi de tal modo que tive de ir para casa para o ouvir sozinha e refastelada no sofá. Ah, como foi bom!
É que ando muito preocupada desde as últimas eleições! Á por ai quem diga que o nosso zezito pode perder as eleições! Ai que desgraça isso seria para o país, ele que fez tanto por todos nós. E depois como o iríamos ver como o vimos agora? Ele que é o homem mais sexy de Portugal (eu tenho votado sempre, já gastei uma porção de dinheiro em chamadas de telemóvel, espero que as minhas amigas também) poderia acabar por desaparecer das televisões. Se calhar ia para a Europa, ou para alguma empresa e depois davam menos notícias dele.
Mas adiante que o que interessa é a entrevista. Dizia eu que ando para aqui nervosa com as eleições e com o medo de o perder para sempre. Mas fiquei mais descansada com a entrevista, se bem que ele desse mostras de andar cansado, que às vezes até gaguejava (ai como eu te tratava do cansaço e da gaguez). É que ele tem razão: a escolha é entre duas pessoas e duas atitudes: ele, um macho bonitão, um pão, um homem moderno; e aquela Manuela do PSD que é velha, feia e com cara de poucos amigos, uma retrógada como ele disse. Ora se a maioria dos eleitores são mulheres, elas votam todas no Sócrates. E os homens também não se interessam por aquele género feminino, está bem de ver. Assim sendo, só o meu zezito tem hipóteses de ganhar eleições (se ele até contra o giraço do Santana ganhou). A única hipótese do PSD era ter aquele rapazote jeitoso, o Pedro Passos Coelho, como candidato a primeiro-ministro, mas então...
Na verdade, se virmos as coisas por este prisma, verificamos que as europeias não tinham grandes concorrentes. Ainda assim, o gordinho do PSD era bem mais fofinho (e pequenino, o que deixa sempre boas expectativas) que o velho do PS, como se viu pelo resultado.
No resto da entrevista o nosso Sócrates esteve muito bem: falou de tudo o que tinha feito, que era progressista, que era um homem moderno. O que eu gostei mais foi quando ele disse que não era teimoso, mas sim firme. Ai, que nem vos digo o que passou então pela cabeça! Esteve tão bem que até a Judite parecia encantada e se esquecia de lhe fazer perguntas, pois se ele dizia tudo que nem era preciso fazer perguntas. Viram como ela o olhava? Ái como deve ser paralisante estar ali tão pertinho dele!