sexta-feira, 29 de maio de 2009

Amanhã é 30 de Maio

Amanhã, claro, lá estarei. Partimos do Marquês, vamos para o Terreiro do Paço. Como da primeira vez. Nessa altura, a senhora ministra disse que éramos comunistas. Eu, por acaso, até tinha votado nesta gente. Agora, prefiro ser apelidado de comunista - não me fica mal -, do que dizer que votei nesta gente, não só corrupta mas também sem uma pontinha de moralidade ou, sequer e ao contrário do que dita a propaganda, projecto político ou educativo.
Amanhã, claro, lá estarei.

sábado, 23 de maio de 2009

O fim do pudor

Não sou suficientemente ingénuo para pensar que os eleitores se preocupam com as grandes discussões políticas ou ideológicas antes do voto. Imagino que votem de forma mais tradicional a pensar "estes tipos são uns malandros" até ao dia em que, vendo os anos a passar, deixam de ter a preocupação de se deslocarem à mesa de voto. Claro que haverá os mais calculistas que têm cartão de partido, ou que são pressionados por quem o tenha, ou que estão dependentes de um emprego na câmara ou de alguma licença de construção ou esperançados em verem resolvidos os seus problemas com os esgotos. E este facto explicará porque a abstenção é maior nas europeias e menor nas autárquicas. Mas esses são a minoria e poderíamos chamar-lhes os "cidadãos motivados e interventivos". O resto não quer saber se deve haver mais ou menos mercado, se a regulação funciona bem ou mal, se o Paulo Rangel é bom candidato, sequer o nome do ministro da economia ou de outro qualquer, ou mesmo se o desemprego é 8 ou 10%. E, consequentemente, está-se nas tintas para saber se o Lopes da Mota se deve ou não demitir. Creio igualmente que os partidos não embarcam nessas ingenuidades. O PS ou o PSD sabem muito bem que três quartos dos portugueses não distingue o Lopes da Mota do Vítor Constâncio. Sabem que tudo se joga na propaganda, e nesse particular o PS leva grande vantagem.
Todavia, e apesar destes factos não interessarem aos portugueses, e até se poder argumentar com presunções de inocência até ao transitar em julgado, havia antes uma réstia de princípio na democracia (como convencionou chamar-se a este regime) a que chamarei de "pudor". Podia valer muito poucos votos, mas uma espécie de vergonha perante quem fazia uma asneira destas à Lopes da Mota que fere todos os princípios da ética - até da ética política mais aproximada ao niilismo - que o levava a demitir-se, ou a ser demitido, em vez de andar para aqui a boiar como se nada se passasse. O caso "Lopes da Mota" é apenas mais um do sistema português (o tal que de democracia começa apenas a ter o nome); mas este caso vira uma págiina neste sistema que perde o "pudor" perante a indiferença e o encolher de ombros dos eleitores.
Sócrates diverte-se ao manter o amigo Lopes da Mota no Eurojust e, certamente, ri-se. E esse riso traz verdade ao adjectivo com que os alunos da António Arroyo (manobrados por essa corja que são os professores?) o apelidaram no dia de hoje.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A propósito de uma prova de aferição mal feita

Hoje fiquei um bocado xateada com a ministra da educação. O professor Évora farta-se de falar mal dela e, secalhar, terá alguma razão. Ora eu paço a explicar:
A Vanessa Filipa é uma namoradinha do meu filho Fábio André que anda no sexto ano. É muito boa moçinha, ajuda muito os paise quando aparece cá pelo snack bar dá-me sempre um beijinho. Gosto muito dela (é sempre tão difícil ver-se gente assim educadinha que nos fala sempre). Parece que não dá muito para a escola pois já reprou duas vezes, mas axo sinceramente que deve ser incompriensão dos professores, mixturada com alguma timidez dos pais que não vão lá há escola pôr os pontos nos is com os professores (axo que tenho´de ser eu a próxima encarregada de educação da Vanessa Filipa). Ora acontece que hoje a Vanessa Filipa fez prova de aferição de Língua Portugiesa. Ela disse que aprova até que tinha sido "bué da fácil" mas o pior foi a composição. Então não é que pediram aos miúdos do 6º ano para fazerem uma redacção sobre um livro que tivessem lido! Vejam bem: a gaiatos do sexto ano anda-se a pedir que escolha um livro que tivessem lido" Com tanta coisa gira que à para fazer, no século da internet, do MP3, das playstations, dos telemóveis, anda-se à espera que crianças de 11 anos - como é a maioria que anda no 6º ano - leiam livros??? Mas quem fez este exame pensa que o país parou lá no tempo em que os comunas queriam mandar nisto tudo?? Se calhar não é a ministra que tem culpa, mas algum professor que para a tramar foi pôr esta pergunta na prova de aferição. E depois admiram-se que os resultados sejam negativos e piores que o resto da Europa onde não fazem questões destas!
É que eu sei do que falo, que até estudei até ao antigo 8º unificado. E há pouyco tempo, graças às novas oportunidades fiz um rvcc de 9º ano e agora estou a fazer um de 12º ano que devo terminar ainda antes do Verão! Mas quando fui fazer este rvcc disse logo assim ao formador (que ele não gosta de ser tratado por professor mas sim por formador lá terá as suas razões): "olhe lá ó fomador eu cá sou uma mulher de trabalho e não tenho tempo para andar a ler livros." E vai ele descansou-me logo e disse-me que agora, no século XXI português já não é preciso ler livros para ter o 12º ano, o que é preciso são as competências e isso nada tem a ver com literatura. Ele mesmo o único livro que leu foi o da Carolina Salgado e à pouco tempo. E fiquei descansada. Ah, que assim, a desenvolver competências e a certificar quem trabalha é que o país vai para a frente. Obrigado Sócrates pelas novas oportunidades, que tu não te esqueces de nós.
Ah... quando me lembro dele só me apetece suspirar... Ah... minha patanisca fofa, o que te faltará para seres perfeito?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Dorme bem e sonha comigo, meu herói!


Cada vez gosto mais deste primeiro-ministro. Ah... como estou arrependida de ter votado no Santana (por quem também tenho grande admiração, diga-se, mas este Sócrates tem-me enchido as medidas). Que Homem espectacular!
Ai como gostei hoje de ouvi-lo com aquela história de perder o sono com os desempregados. É que depois de tudo o que têm feito e dito dele - ele foi dizerem que não era um homem completo, ele foi as casas lindas que desenhou na Covilhã, ele foi o curso de engenheiro feito ao domingo, ele foi o caso com um técnico inglês e agora, que pouca vergonha!, até dizem que recebeu dinheiro do Freeport. Pois eu digo que se recebeu dinheiro do Freeport ele fez muito bem, que o Freeport é muita giro que eu já lá fui e se ele recebeu dinheiro o dinheiro veio do estrangeiro e se agente precisa de dinheiro do estrangeiro quer-ser lá saber comé que ele entra, não é verdade? Arranjou foi mais uma maneira de sacar dinheiro à união europeia, neste caso aos ingleses. E até o meu rochinha que é pessoa honesta costuma enganar-se nas contas quando aparecem por cá uns ingleses. E que mal é que isso tem? Então eles não estão cheios de dinheiro e não nos enganarão tantas vezes? Sim, que já ouvi o professor Évora explicar uma vez aquela história do mapa cor-de-rosa em que eles nos roubaram metade de África e quase levam o Algarve...
Mas dizia eu que fiquei deveras emocionada quando o ouvi hoje. É que agora, mesmo quando o chateiam mais com o freeport, e chateiam tanto que até acusam amigos dele de andarem a meter cunhas, não é com isso que ele se preocupa, não senhor! Ele, porque só quer o nosso bem, preocupa-se é com os desempregados que vão ficando pobrezinhos, como disse hoje. E preocupa-se tanto que até perde o sono, acorda a meio da noite a pensar nos desgraçadinhos que não têm emprego! Ah, grande Sócrates, és o pai de todos nós, és a nossa salvação, o nosso herói! Mas olha, quem te tirava o sono, sei eu quem era, que tu és cá um pão... Ai, que mesmo casada, eu, Julinha, inda fogosa como uma rapariguinha (é que o Sócrates não dorme por causa dos desempregadinhos mas cá o meu Rochinha eu sei muito bem porquê...), dizia eu, que cá a Julinha é que te tirava o sono, meu grande borracho, que ao pé de ti o Santana parece um xarroco velho, todo corcomido e rançoso ao pé de um besugo fresquinho!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O 1º de Maio e o "Ser português"

Ouvi com algum agrado - confesso - que o cabeça de lista do governo ao Parlamento Europeu, o avô cantigas, perdoem-me: o Vital Moreira, tinha sido agredido nas manifs do 1º de Maio. Depois, ao perceber pelas imagens, fiquei um pouco desiludido: atiraram-lhe umas garrafas de água e chamaram-lhe nomes (nada que ofendesse a dua virilidade ou filiação, apenas uns apupos de traidor). Nada que evitasse a vitimização e a escandaleira portuguesa nos órgãos de comunicação social: ai estes gajos - os comunas e os esquerdistas - são mesmo mal educados, não sabem viver em democracia, não perdoam a quem passa para o lado dos que ganham e procura, naturalmente, uma vida melhor, são mesmo assim as leis do mercado que estes arruaceiros não percebem. Escutei o Director do "Público" na SIC notícias a dizer que isto cá em Portugal era uma vergonha, não se sabia viver em democracia, veja-se o caso inglês em que não há gritos (sic) na câmara dos comuns; é que cá, com estes partidos, não é possível haver democracia (argumento usado há quarenta anos por Marcello Caetano).
Depois vi o 1º de Maio nos outros países da Europa: na Grécia, em França, na Alemanha. Carros incendiados, montras partidas, gritos de revolta, apelos ao sequestro do patronato e dos dirigentes políticos. Coisas a sério. E fiquei a pensar: só mesmo em Portugal é que um cabeça de lista do partido do governo sai numa manif da central sindical de esquerda. Só mesmo confiando na nossa tradicional passividade é que o o Dr. Vital Moreira se arrisca a desfilar ao lado daqueles que estão desempregados, congelados, amoradaçados; é que o candidato do partido de um governo que deixou correr a corrupção, o roubo, o fartar vilanagem dos gestores e boyzecos desfila num primeiro de Maio travestido de esquerdista revolucionário. Estranho ainda ninguém ter dito que foram professores que lhe atiraram a água depois do apoio desse senhor à ministra da educação. Não, este desfile de Vital Moreira seria impossível noutro país europeu! E é a prova de que o nosso povinho se vai irritando tanto que até atira garrafas de água à face visível deste poder. O suficiente para a vitimização do mesmo poder. Ah, malvados comunistas!
Ah, bom povo português!