quinta-feira, 17 de julho de 2008

Lamentação

Aqui volto eu para me lamentar, que é algo que tanto gostam de fazer alguns blogosesféricos (que termo lindo). Para desabafar com alguém , neste caso com quem me quiser ler, já que em casa a minha companheira anda com a neura da professorite (e é sobre ela que me quero lamentar) e no café que fica debaixo daquele que foi um dia o telhado do gato Esteves não aparecem os meus amigos (o Évora deve andar cheio de trabalho na escola ou apertado de dinheirinho que já por cá não passa há muito).
Tem tudo a ver com esta mania nova de se cumprirem as leis. Que antigamente havia as leis mas ninguém as cumpria. Ninguém lhes ligava. Mas agora tudo pia mais fininho. Qualquer coisinha que fique escrita, seja sequer pensada ou aventada por um ministro, e lá andam todos cheios de medo a cumpri-las. Ora o que se passa, e tem tudo a ver com isto e com a neura da minha companheira, é que ela, que como se lembrarão é professora, anda agora em fase de vigilâncias a exames. E, ao que parece, as normas de vigilância aos exames obrigam os professores a permanecerem na sala os 90 minutos da prova (em alguns casos mais trinta de tolerância, se o exame for de algumas disciplinas artísticas pode ir até ás três horas). O problema não é esse. É que estão lá dois professores que não podem conversar entre si (o que acredito possa irritar a minha companheira que é- ou, pelo menos, foi noutros tempos – rapariga comunicativa) e que devem deslocar-se continuamente na sala sem perturbar os alunos. O certo é que não devem estar sentados, pois ainda se distrairiam e não cumpririam devidamente o seu trabalho! Hora e meia de pé sem nada poder fazer, apenas vigiar os alunos. Não falar para o lado, não se sentar, apenas andar discretamente de um lado para o outro sem perturbar os estudantes que concentrados vão fazendo o seu teste mas – olho vivo!- que alguns podem estar a cabular e têm de ser apanhados, fazer um auto complicado, quiçá comunicar ao procurador-geral, arranjar uma chatice das grandes, daquelas com complicações legais, identificações, relatórios e etc.
Ora a minha companheira dá em respeitar as normas superiormente estabelecidas e cumpre integralmente o seu dever. Anda caladinha durante a prova de exame de um lado para o outro e sentar-se, isso nunca! Contribui assim para a justiça dos exames. Mas a desgraçada que roça a bela idade dos quarenta, anda agora cheia de dores nas costas que lhe limitam a actividade doméstica e não só, diminuindo por osmose a minha qualidade de vida. E eu, que vou apelando para o não cumprimento das leis (lembrar-se-ão que até tento fugir aos impostos) lá me vejo tramado mais uma vez por este governo, se bem que agora de forma indirecta. Ora como não a consigo convencer da justeza decorrente da sublevação e desobediência civil, que faço? Para aqui venho lamentar-me, para quem me quiser ouvir, já que os meus amigos também me deixam sozinho no snack-bar da Julinha (a tal tasca que fica por baixo do telhado que um dia albergou o gato Esteves).
E deixo a proposta óbvia para 2009: poupem-se os professores e passem-se a aceitar os exames dos alunos do ensino secundário por fax, mecanismo com resultados mais que provados. Talvez consigam negociar essa medida com os professores e congelar-lhes as carreiras durante mais quatro ou cinco anos, o que provocaria um maior sucesso no combate ao défice neste momento em que a conjuntura internacional parece boicotar e conspirar contra as políticas certeiras do nosso líder.

1 comentário:

Anónimo disse...

Só dás ideias más.
Quando poderemos ver por aqui as novas obras infantis do autor?
Gostei tanto da vaquinha e do mosquito.
Beijinhos
Olinda