quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Virgem ofendida


Vinha hoje do meu trabalho a ouvir o final do debate quinzenal na Assembleia da República. Fiquei particularmente tocado com a forma sentida como José Sócrates estava magoado com os cartazes da JSD do Pinócrates. Ele não o disse, mas percebíamo-lo: aquela era a mesma JSD que tinha, no seu passado, sido honrada com a sua militância.
José Sócrates pôs o seu melhor ar de mater dolorosa. Mas não lhe saiu lá muito convincentemente. Na verdade, parecia-se mais com uma virgem ofendida pelas más-línguas, daquelas línguas que orquestram campanhas negras e que agora querem fazer parecer a todos que a mais cândida das virgens é afinal a mais promíscua, ordinária e porcalhota das meretrizes. Sim, ele, modelo de virtude, homem trabalhador e sério, de cuja boca seria incapaz de sair uma falsidade, uma mentirinha desculpabilizadora sequer, é dele que dizem estar a mentir! E quem diz tamanha barbaridade? Uns miúdos ordinarecos de Setúbal, espécie de arruaceiros, que não são metidos na linha pelos seus chefes; chefes que, suspeita-se, estarão por trás das tais campanhas negras; serão eles as comadres que, incapazes de permanecerem fiéis ao seu voto de castidade, lançam a hedionda suspeita sobre a flor da inocência. E ainda por cima pintam essa cândida virgindade com um nariz de aspecto fálico. Que asquerosos!

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