terça-feira, 22 de abril de 2008

Uma história de Abril sem piada.

Relembro o conhecido poema de Sophia de Mello Breyner Andresen sobre o 25 de Abril:
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Conheço uma rapariga que, quando estava na Universidade, comentava com um seu professor, por sinal um facho de primeira, que ela e seus pais tinham o hábito de viajar sempre no 25 de Abril e sair do país. O dito professro dizia que os compreendia bem: era para esquecerem aquele mau momento da nossa história. É, sem dúvida, comportamento revelador daquilo em que se transformou (ou sempre terá sido) este povo: bajuladores, servis e com tendência para fugir dos problemas (ou melhor, para os contornar armados em chicos espertos). Mais uma prova do "aborregamento" de que falava, hoje mesmo, Saramago.
Isto para dizer, e salvaguardar, que eu próprio me irei ausentar do país neste fim de semana de três dias e, por isso, não poderei colocar post no Dia da Liberdade. Mas já o disse e repito: sinto-me de Abril. Não saio para esquecer esse dia inicial, inteiro e limpo, pois ele está sempre no meu coração.
Bons futuros dias da liberdade para todos vós. Precisamos de voltar a ter essa madrugada porque ansiamos, para livres voltarmos a habitar a substância do tempo.

Sem comentários: