quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A traição sindical

Custa-me a crer aquilo que se passa na luta sindical dos professores. Ou, dizendo melhor, na luta dos professores.
Para os muitos leitores deste blogue que não são professores (que serão a a maioria, pelo que me é dado a entender), passo a sintetizar a história:
No dia 8 de Março, se bem se lembram, houve 100 mil professores nas ruas de Lisboa; equivalia a 2/3 do número total de profissionais. Perante todo este capital de protesto, o melhor que os sindicatos conseguiram foi o adiamento do processo de avaliação por um ano. Caiu-nos tudo em cima neste Setembro. As escolas andam atafulhadas em trabalho burocrático, o mais ridículo da avaliação revelou-se; isto tudo é impraticável, cresceu o descontentamento, houve demissões, houve escolas que assumiram a paragem do processo sob riscos disciplinares (veja-se o caso de Ourique). E os movimentos sindicais quase calados. Surgiram associações diversas, de forma mais ou menos espontânea, a maior parte criadas em torno de blogues da net. Alguém lançou a ideia de se fazer uma manifestação no dia 15 de Novembro. A ideia pegou. No espaço de poucos dias recebi emails de 14 colegas a falar no assunto. Perante este movimento espontâneo, houve uma convocatória “oficial” de uma manifestação para Lisboa dia 15. Esta iniciativa acabou por pertencer aos novos movimentos de professores.
E eis que surgem então os sindicatos. Temendo esta manifestação, que partiu genuinamente dos próprios profissionais que eles representam, a FENPROF, em vez de se associar à jornada de luta, convocou uma outra para dia 8, uma semana antes. Obviamente que não tiveram coragem para a fazer uma semana depois.
A direcção da FENPROF, personalizada no seu líder Mário Nogueira, revelou o seu sentido altamente divisionista. No momento em que mais precisávamos, os sindicatos trairam-nos. Mas não foram apenas divisionistas. Foram cobardes, ao assinalar esta data uma semana antes. E a covardia, todos o sabem, a covardia é o pior dos defeitos que um sindicato pode ter.
Fiz hoje o que não poderia deixar de fazer: abandonei o meu sindicato, o SPZS, ao qual pertencia desde 1992.
Não sei qual das manifestações vai acontecer. Qual vai ser maior. Por mim, e para já, decidi ir à de 15 de Novembro. Será duro para nós organizar tal coisa contra a máquina da fenprof, mas teremos de ganhar. Quanto a estes sindicatos, penso que acabaram de ser engolidos pela própria ganância.

4 comentários:

Anónimo disse...

Só agora ?

O facto de nenhum ministro da educação no pós 25 de abril ter servido para os sindicatos deveria significar algo .

E os momentos "chavéz" que estamos a viver certamente muito sangue farão correr entre os sindicalistas .

Elsa Lobão disse...

Eu também vou à manifestação do dia 15!
A atitude da FENPROF (deveremos passar a dizer ANTIPROF?), é verdadeiramente vergonhosa! Com "amiguinhos" destes, Maria de Lurdes, volta, estás perdoada!

Elsa Lobão

Olavo Rodrigues disse...

Se tivesse procurado saber as verdadeiras razões da marcação da manifestação para dia 8 de Nov e não dia 15, não estaria com esta duvida.
A manifestação foi marcada para dia 8 de Nov pois a negociação que decorre actualmente com o Ministério acaba dia 12 ou 13.
Assim, dia 15 seria demasiado tarde para a obter frutos nesta negociação.
Se os professores tentassem manter-se informados, indo aos plenários sindicais que decorreram, teriam esta e outras informações importantes.
Sou simplesmente um professor sindicalizado, não tenho nenhum cargo nem sou dirigente sindical.
As pessoas deviam tentar informar-se antes de julgar...
Só todos juntos vamos conseguir alguma coisa, a remar uns contra os outros o Ministério da Educação é que agradece...

Anónimo disse...

Eu também me recusei a pagar mais quotas a partir do dia em que marcaram outra manifestação.
Dia 15 lá estaremos!
Olinda