sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Esclarecimento (mais uma vez)

Acabo de ouvir "o expresso da meia-noite" na sic notícias. E ouço sempre mais do mesmo de supostos comentadores, experts, especialistas. Ouço que os professores não querem ser avaliados e que os sindicatos são intransigentes. Os ditos comentadores, especialistas, experts ou servem o poder ou não se preparam convenientemente ou são um pouco lerdos, perdoem-me a franqueza. Pelo que eu repito, enquanto professor:
Nós não queremos deixar de ser avaliados. Podem-nos avaliar à vontade. Mas não desta forma. Não que ela venha a ser injusta ou qualquer coisa do género. Só que ela está a desviar a nossa atenção, o nosso tempo, a nossa energia daquilo que nós precisamos de fazer: ensinar. Porque ela é, como já foi escrito "um delírio burocrático". É uma parvoíce pegada. É uma demência surrealista. Quem diz na TV, muito sabiamente, que todos os trabalhadores das empresas são avaliados (apesar da escola não ser uma empresa), que experimente aplicar esta avaliação a uma empresa. Verificará a sua irracionalidade confrangedora. É assustador como um ministério produziu semelhante monumento burocrático. Ultrapassa tudo o que já se tinha visto neste país com tanta tradição criativa nesta área. Não, por mais boa vontade que tenhamos, isto não vamos fazer. Desta forma, definitivamente, não.
E em relação aos sindicatos, note-se que desta vez não são os sindicatos a mobilizar professores. São os professores a puxar pelos sindicatos. Os sindicatos assinaram um memorando? Assinaram, sim senhor. E gora não o cumprem? Não o cumprem porque os seus professores não deixaram. Porque foram professores que espontaneamente convocaram a manifestação para Novembro, é fácil seguir-lhe a génese, que diabo! Os sindicatos foram arrastados e tiveram que ir atrás. O que se passa é que os nossos comentadores, experts, especialistas vão atrás da cartilha académica das corporações e cálculos eleitoralistas e não percebem que estamos perante um processo genuinamente democrático: são os trabalhadores que movem o sindicato e não o contrário. E assim é que deve ser. Naturalmente. A isto chama-se democracia, entendam de vez.

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