terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Gaza e a guerra

"Pelo menos 40 palestinianos que estavam refugiados numa escola das Nações Unidas em Jabaliya, no Norte da Faixa de Gaza, morreram quando o local foi atingido por disparos de artilharia israelita, adiantam fontes médicas. Este ataque, registado ao terceiro dia da ofensiva terrestre, eleva para 635 o número de palestinianos mortos desde o início dos bombardeamentos, a 27 de Dezembro."
Era claro que o ataque à faixa de Gaza não iria apenas banhar de sangue os activos do Hamas. Só alguns diplomatas ocidentais e analistas televisivos o poderiam acreditar. Parece hoje verdade que a maioria das vítimas são a inocente população civil. Claro que este ataque - esta guerra -, apenas poderá piorar a situação na região - e, consequentemente, no mundo -, a médio e longo prazo. Mesmo que o governo de Israel conseguisse aniquilar totalmente o poder de fogo do Hamas durante algum tempo, o ódio que entretanto se aprofunda entre o povo palestiniano e o povo judeu acabará por trazer mais tragédias num futuro não tão longínquo. E acabará por dar razões a tantos governos de países árabes de intenções duvidosas.
Também é claro neste ataque que existe um evidente desprezo israelita pela população agora atacada. Os palestinianos não são vistos propriamente como seres humanos, mas como uma espécie diferente carregada de maldade e deficiência, por oposição à sua condição de povo escolhido. O facto está estudado e é comum em todas as guerras: estas só são possíveis e conseguem uma verdadeira mobilização se se vir o inimigo não como seres humanos, mas como monstros; ou então desprezá-lo como uma espécie de praga subhumana. São conhecidas as imagens que russos e americanos faziam uns dos outros durante a guerra fria. Ou, recordo, os filmes publicitários da alemanha nazi que comparavam os judeus a ratos que viviam nos esgotos das cidades e que ajudaram a esse crime, verdadeiramente monstruoso, que foi o holocausto. Curioso como a história vai sendo repetida, mesmo por aqueles que mais deveriam com ela ter aprendido.
É o que se vai passando agora. Para os israelitas os palestinianos são um povo menor. E, claro, os palestinianos também passarão a olhar - ou já olham - para os israelitas como verdadeiros monstros. O princípio do ódio (quase) irreversível entre os povos. E isto costuma acabar mal, se bem se lembram.

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