segunda-feira, 20 de abril de 2009

Política e estatísca

Aprendi na escola que a política é a arte de governar. Que vem do grego e que significa "governo da cidade". Para governar é preciso antes de mais conhecer o que se governa e, depois, ter objectivos, ideias, metas. Assim, e isto era verdade até há bem pouco tempo, existiam uma série de ideologias que propunham formas de governação que acreditavam que seriam aquelas que trariam melhores condições ao povo (ou ao país, já que ideologias existem que consideram que a felicidade de um povo não cabe fora do êxito do país). É verdade que olhando para o Portugal de hoje parece mentira que tal ainda exista. Na verdade, os políticos que nos têm governado parecem que o têm feito sobre o seu próprio interesse, seja porque querem o poder pelo poder, o simples protagonismo televisivo, o poder pelo emprego futuro (como gestores de empresas), o poder pelo lucro imediato (sendo corrompidos, se possível por acto lícito). Mas adiante, façamos de conta que ainda existe uma réstia de ideologia na classe que nos dirige.
Tornemos então ao conhecimento do país e ao tema do fim-de-semana: a estatística. A estatística dá-nos indicadores sobre o país. Sobre o que se governa. Não haverá cientista social que a despreze. Mas a estatística está a montante, e não a jusante, da acção. Ora quando se governa apenas para o resultado estatístico, está-se a deturpar a própria acção, invertendo-se os factores. Tal não é revelador apenas de quem não sabe agir, é revelador também de má-fé e, perdoem-me, de alguma chico-espertice mais característica do trapaceiro de rua que deste género de charlatão de fato e gravata. E claro que governar para a estatística incorre em perigos, pois atingem-se os resultados no papel, mas esses resultados deixam de espelhar, como é evidente, a realidade. Isto tudo é demasiado claro. Portanto, o Presidente da República tem razão quando aponta a estupidez do governo ter por objectivo apenas os números e gráficos. Não o deveria ter feito de forma tão "disse mas não disse", e a resposta do primeiro-ministro é apenas um fingimento do mesmo teor. (presumo que seja uma sensação parecida com receber dinheiro de suborno num ofshore - recebe-se mas não se chega bem a receber porque não é cá, diz-se, recebe-se, faz-se, mas fica-se sem problemas de consciência porque parece que não se fez).
Lamento é que o Sr. Presidente pareça só agora ter acordado. É que temos uma ministra que foi a campeã do governo a trabalhar para a estatística. Falo daquela senhora da educação que aumentou a estatística do número de horas de trabalho dos professores, do do número de horas dos alunos na escola, do abandono escolar, do número de certificações passadas, do aproveitamento, dos resultados nos exames de todos os níveis, etc. e tal. Fez um grande trabalho estatístico mas, por outro lado, veja-se como a escola em portugal piorou nos últimos 4 anos. E este senhor Presidente da República, que agora diz que não se deve governar para a estatística, tanto que a gabou. Enfim... serão coisas de uma mente superior... Por alguma coisa é doutor honoris causa em Literatura...

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