terça-feira, 21 de abril de 2009

Sócrates na TV

Por uma qualquer espécie de masoquismo, decidi-me a ver a entrevista do nosso primeiro. Aquela arrogância irrita-me até às entranhas. Durante grande parte da entrevista assemelhou-se a um vendedor de seguros, a enumerar números e medidas. Na verdade, José Sócrates quase que daria um excelente vendedor de seguros: é fluente, é chato, dispara números que ilustram eficente e inequivocamente a qualidade do produto que vende, ilude as perguntas. É seguro. Disse que quase daria um bom vendedor de seguros porque comete o erro de inferiorizar aqueles que o questionam (sabia? não sabia, pois não? sabe? ah... estou a ver que não sabe). E as pessoas não gostam daqueles que parece que falam sempre com razão, gabam-se de saber o que nós não sabemos, ai o maniento! Acho que foi por causa de homens como Sócrates (o tuga) que a democracia ateniense inventou o ostracismo (num mundo global, o ostracismo para Sócrates seria mandá-lo para outro planeta).
Mas depois veio a segunda parte da entrevista: o caso Freeport. E aqui, terá sido impressão minha ou o nosso primeiro ficou mais nervoso, menos claro, menos evidente? A nada respondeu, apenas se limitando a verberar o que tinha trazido decorado de casa. E a esta altura já os jornalistas estavam fartos, mas pouco concentrados. Acho que estavam irritados com o "sabia?", incomodados por estarem a fazer uma entrevista em que a agressividade partia do entrevistado e não deles. Mas talvez o povo português goste do género.

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