segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Reparem como me mantive calado durante toda a campanha. Pois é, há muito tempo que desisti de participar nesta simulacro de democracia (entendendo como democracia a sua origem etimológica de "poder do povo"). Não acredito em eleições. Vejam no que dá, cá como no mundo civilizado ocidental. As pessoas não votam em projectos políticos, sequer votam em pessoas entendidas na sua essência. Votam em imagens que têm. O efeito do voto resulta mais da publicidade (sim, publicidade e não propaganda) do que de qualquer outra coisa. Quando vi, cá no snackbar da Julinha (aquele que fica debaixo do telhado que um dia foi do Gato Esteves, já se esquecem de dizer) o "correio da manhã" e a votação em Sócrates como o mais sexy, percebia-se logo quem ganhava as eleições. O único concorrente de Sócrates era o Sócrates versão PPD, o tal Pedro Passos Coelho, que lhe é igual em arrogância e política (porventura poderá privatizar a CGD e fazer outras coisas igual a Sócrates com menos oposição interna). E notem que os que votam porque sabem umas coisinhas de política e afins não fazem melhor: o próprio Évora reconheceu aqui que não votava em projectos, mas sim contra Sócrates. Ou se vota porque se o ama, por uma espécie de clubismo ou fantasia (caso Julinha) ou contra porque se o odeia. Nada disto tem a ver com os princípios de uma democracia (liberal, que palavra feia). E, na verdade, as eleições pouco mais serão do que a escolha dos que terão os seus empregos, os seus destacamentos, como a querida Julinha aqui referiu sem querer.
Querem continuar a viver democraticamente? Podem-se armar em doutores democratas, mas o povo não sabe o que quer. É manobrado, ludibriado, como em qualquer hipermercado. O meu amigo Évora devia sabê-lo desde que estudou a Revolução Francesa.
E pelo dito não resisto a atribuir o prémio frase mais inteligente a Luís Filipe Menezes, que ouvi há minutos, mais de 24 horas passadas sobre os resultados eleitorais. Tratar-se-á, pois, de uma convicção do senhor. A estupidificante frase foi "O povo português é muito sábio". Sem mais.

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